Em discurso oficial na COP27, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu uma nova governança global, pautada pelo multilateralismo e focada no combate à desigualdade social, à fome e às mudanças climáticas. A fala do petista, em 16/11, confirmou as expectativas dos líderes mundiais presentes na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27), realizada em Sharm El Sheikh, no Egito.
Luiz Inácio Lula da Silva antecipou o que espera ser a contribuição do Brasil ao mundo a partir de 2023, ao declarar que "Esperança combinada com ações imediatas e decisivas pelo futuro do planeta e da humanidade". No discurso, o petista classificou o Governo Jair Bolsonaro (PL) como "desastroso" no combate à desigualdade social e quanto ao desmatamento, dizendo que "Voltam a vigorar os valores civilizatórios e o compromisso de respeitar os direitos humanos e de enfrentar as mudanças climáticas".
O discurso devolve ao Brasil o papel de um dos mais importantes articuladores internacionais no combate às inseguranças alimentar e climática. A postura marca uma guinada em relação ao isolamento geopolítico e negacionismo ambiental que marca o mandato de Jair Bolsonaro (PL).
RESPONSABILIDADE DOS PAÍSES RICOS
Lula prometeu cobrar que os acordos climáticos já estabelecidos saiam do papel e ressaltou que os países ricos detêm a maior responsabilidade pelo agravamento do aquecimento global. O petista declarou que o Brasil está aberto à cooperação internacional, mas "sem renunciar jamais à nossa soberania".
Outra vez, ele negou haver contradição entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. "É possível promover o desenvolvimento e a inclusão social tendo a natureza como aliada estratégica, e não mais como inimiga a ser abatida a golpe de tratores e motosserras".
"O chefe de Estado anunciou que vai combater o desmatamento em todos os ecossistemas brasileiros, reconstruir os órgãos ambientais e de controle que foram enfraquecidos durante o governo Bolsonaro e punir os crimes ambientais", publicou revista de notícias semanal alemã Der Spiegel, "O Espelho" em alemão. Publicada em Hamburgo, é uma das maiores publicações do tipo na Europa, com uma circulação semanal de 840 mil exemplares..
INTEGRAÇÃO COM PAÍSES AMAZÔNICOS
Lula manifestou a pretensão de estimular a integração dos países sul-americanos abrangidos pela Amazônia, para discutir de forma soberana a promoção do desenvolvimento integrado da região, "com inclusão social e muita responsabilidade climática".
Outro compromisso foi oferecer o Brasil para sediar a COP30 em 2025, que, se depender de Lula, será realizada em um estado amazônico. "É para que as pessoas que defendem tanto a Amazônia tenham a noção da importância dessa parte do mundo", justificou.
"Em 2024 Brasil vai presidir o G20. Estejam certos de que a agenda climática será uma das prioridades", afirmou. "Até porque eu preciso discutir com os países ricos algumas decisões tomadas em outras COPs. Essas decisões não saíram do papel e não foram executadas".
MODERNIZAÇÃO DA ONU
A Organização das Nações Unidas, que organiza o evento, também foi alvo de críticas de Lula. De improviso, o petista lamentou que "só os vencedores da segunda guerra mundial" participem do conselho de segurança das Nações Unidas. "A ONU precisa avançar", afirmou.
"Não é possível que a ONU seja dirigida pela mesma lógica geopolítica da segunda guerra. O mundo mudou, os países querem participar mais. Os continentes querem estar representados. O mundo tá precisando de uma governança global, sobretudo na questão climática".
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