Depois que a gestora espanhola Aena Desarrollo Internacional passou a administrar o Aeroporto de Maceió, no começo de 2020, e concedeu à empresa Estapar Reserva o direto de administrar o estacionamento, clientes e funcionários do aeródromo passaram a conviver com desconfortos até então inexistentes. Os funcionários, que utilizam o estacionamento por razões profissionais, mantém há anos contrato de mensalista para utilização do estacionamento diariamente, por todo o ano. O presidente do Sindiaero-Alagoas cobra providências da Aena Brasil.
Infelizmente, logo ao assumir a administração do estacionamento, a empresa aumentou o valor da mensalidade no percentual de 50%, extrapolando a referência inflacionária. Insensível às reclamações dos mensalistas, a Estapar sequer respondeu aos questionamentos.
O estacionamento reflete a retomada das operações aos níveis de 2019 e a crescente procura de passageiros, estando frequentemente lotado. Para não perder dinheiro, a empresa cercou uma área sem cobertura, sem funcionários ou câmeras de segurança e impôs a utilização do novo espaço, barrando o acesso ao estacionamento principal aos trabalhadores, que pagam em dia.
EMPRESA FORA-DA-LEI
A prepotência da maior empresa de estacionamento da América Latina faz com que ela descumpra os termos do contrato, que assegura aos profissionais do aeroporto o acesso a um estacionamento coberto, com câmeras e funcionários no atendimento.
O item 2.1 das Normas de Utilização do Estacionamento - Modalidade Mensalista ("Regras de Uso e Funcionamento do Estacionamento") estabelece que "O cadastro do cliente na modalidade mensalista dá direito, mediante uso do cartão de acesso fornecido pela Estapar, à guarda do veículo no estacionamento Estapar que o cliente escolheu no momento do cadastro."
Além da quebra de contrato, a empresa comete o crime da discriminação entre usuários, que são igualmente clientes.
"O FRUTO PODRE"
Cristiano Calheiros, presidente do Sindicato dos Aeroviários de Alagoas (Sindiaero-AL) argumenta que, na condição de líder mundial em gestão aeroportuária, a Aena deveria questionar o comportamento antipático da Estapar perante clientes e funcionários do aeródromo e cobrar reparação.
Diante dos fatos, Calheiros recorre a um ditado popular: “um fruto podre estraga todo cesto e, dependendo a situação, consegue contaminar todo pomar". Para o sindicalista, "como acontece em todos os cenários, inclusive no mundo aeroportuário, as 'laranjas podres' podem contaminar o ambiente por inteiro.
A Aena está presente na Espanha (46 aeroportos e 2 heliportos), Reino Unido (aeroporto de Londres-Luton), México (12 aeroportos), Colômbia (2 aeroportos) e Jamaica (2 aeroportos). Desde o primeiro trimestre de 2020, a empresa gerencia seis aeroportos da região nordeste do Brasil, que registraram em 2019 um tráfego de mais de 13,8 milhões de passageiros, 6,5% do total do tráfego brasileiro.
Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)
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