Pressionado pela falta de vacinas em alguns Estados, como São Paulo, o Ministério da Saúde revisou sua recomendação para imunização de jovens de 12 a 17 anos e decidiu indicar a aplicação apenas naqueles que tenham algum tipo de comorbidade ou em privação de liberdade. A mudança de postura foi anunciada pelo ministro Marcelo Queiroca, em pronunciamento de 16/09, em Brasília.
Segundo nota técnica emitida pela pasta, os benefícios da vacinação em adolescentes sem comorbidades ainda não estão claramente definidos e a maioria infectada nesse grupo tem evolução benigna. Diz ainda que a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda a imunização de criança e adolescente, com ou sem comorbidades.
A organização não coloca essa faixa etária como prioritária e diz que são necessários mais estudos para avaliar seis benefícios, mas não veta a aplicação.
“ÚLTIMO SUBGRUPO”
Para o ministro Marcelo Queiroga, os adolescentes sem comorbidades seriam o "último subgrupo elegível para vacinação" que "somente vigoraria a partir do dia 15 de setembro". Ele dirigiu críticas à antecipação da aplicação de vacinas entre esses grupos feita por estados e municípios, mas não informou sobre os motivos pelos quais a recomendação foi revista.
Queiroga insinuou que administrações municipais e estaduais teriam aplicado vacinas que ainda não receberam autorização de órgãos reguladores. O ministro também disse que o agente imunizante autorizado pela Anvisa é o imunizante da Pfizer e reclamou da aplicação de outras vacinas para adolescentes em comorbidades.
“NESSA FAIXA ETÁRIA, VACINA É EFICAZ E SEGURA”
Juarez Cunha, pediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, fala sobre a retirada de adolescentes sem comorbidades da lista de vacinação contra a Covid-19 pelo Ministério da Saúde, e alerta para falhas de comunicação: 'gera insegurança e um risco de não confiarem no que está sendo ofertado em nossa rede'.
As novas diretrizes pegaram de surpresa estados e municípios que já haviam começado a imunizar a população dessa faixa etária. Muitos inclusive já receberam a primeira dose, mas o Ministério passou a recomendar que esses jovens não recebam a segunda.
A recomendação contraria decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que, em junho, autorizava o uso da vacina da Pfizer para adolescentes a partir dos 12 anos. Ao contrário, a Anvisa reafirmou que não há dados que indiquem qualquer restrição ao uso do imunizante Pfizer.
Fotografia de Walterson Rosa/MS
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