Durante a realização do Seminário de Formação e Organização para a Negociação da Reestruturação Produtiva, promovido pela IndustriALL-Brasil entre os dias 28 e 29 de maio de 2025, em Belo Horizonte, o Sociólogo, Educador Popular e Consultor Sindical, Rafael Serrao, indagou sobre como é possível devolver aos sindicatos a condição de protagonistas na organização social brasileira. Como disse, “é preciso pensar e planejar as próximas décadas”, considerando a fragilidade causada pela reforma trabalhista, que reduziu a capacidade de arrecadação das entidades sindicais e desmontou estruturas que mobilizavam as categorias profissionais.
Como exemplo, Serrao citou uma feira que acontece em Florianópolis, na qual participa como organizador. Num ambiente em que são comercializados produtos agroecológicos e orgânicos é produzido um clima de convívio que não existia até então. Naquela feira são organizadas rodas de conversa, projeção de filmes e promoção de atividades para crianças, que vão além de atividades de cunho meramente recreativo.
Os sindicatos podem trazer ao ambiente temas de interesse do trabalhador e reforçar os laços com a categoria que representam. A estrutura da entidade sindical passa a ser utilizada como elemento de consciência dos trabalhadores e de suas famílias, ao mesmo tempo em que dá força à economia solidária. Na prática, sindicato e trabalhadores saem fortalecidos nessa interação.
O especialista também identifica as igrejas como espaços em que as famílias se reúnem. Citando o próprio exemplo, ele passou a frequentar esse ambiente porque seu sogro é pastor evangélico de uma igreja com tendência progressista. Casos semelhantes são encontrados nas igrejas luteranas de Santa Catarina, que conseguem congregar as famílias em atividades diversas, indo além da pauta religiosa.
O Sociólogo Rafael Serrao (E) e Vandeir Messias, Coordenador da IndustriALL no Sudeste durante o Seminário realizado em Belo Horizonte/MG
EXEMPLOS SIMPLES, MAS PRÁTICOS - Indo além das feiras da economia solidária, Vandeir Messias aponta que as feiras da agricultura familiar, organizadas nos finais de semanas e feriados, incentivam as diversas formas de empreendimento com racionalidade e buscam de alternativas de sobrevivência na produção.
Messias, que preside a Força Sindical de Minas Gerais e coordena as ações da IndustriALL-Brasil no Sudeste, destaca que o valor social dessas mostras tem merecido o incentivo de prefeituras, lideranças políticas e instituições.
EM BELO HORIZONTE, OUTRO BOM EXEMPLO
Em maio de 2025, a Feira Tamoios de Economia Popular Solidária completou um ano. Por fazer parte da cultura da cidade, a Prefeitura de Belo Horizonte valoriza a Economia Popular Solidária na capital, como forma de fomentar a economia com a geração de trabalho e renda, atrelada à inclusão social.
Inaugurada em 16 de maio de 2024, a Feira Tamoios de Economia Popular Solidária acontece no quarteirão fechado da Rua dos Tamoios, entre a Avenida Paraná e a Rua Curitiba, é realizada sempre às quintas e sextas-feiras da terceira semana de cada mês, de 8h às 17h. Os expositores oferecem ao público ampla variedade de artesanato, artigos de cama, mesa e banho, alimentos como doces, queijos, café orgânico, conservas, tapioca e churrasquinho.
AMPLO APOIO SOCIAL - A Feira Tamoios ainda conta com o apoio da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-MG), sendo organizada pelos empreendimentos de economia popular solidária da região metropolitana. Também é apoiada pela Ação Social Arquidiocesana, Cáritas Brasileira, Moradia e Cidadania e Sindicato dos Bancários.
A feira também acontece regularmente na Rua Goiás, entre a Avenida Augusto de Lima e a Rua da Bahia, no Centro, de 8h às 19h, na segunda terça-feira de cada mês.
Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)
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