12°C 23°C
Belo Horizonte, MG
Publicidade

“Mesa de Diálogo” da SRTE-MG debate recusa dos jovens ao mercado formal de trabalho

Em um cenário de transformações constantes, os trabalhadores mais jovens, que são dotados de habilidades tecnológicas, têm demonstrado crescente distanciamento de ambientes rígidos

07/06/2025 às 09h34 Atualizada em 08/06/2025 às 09h32
Por: Renato Ilha Fonte: SRTE-MG
Compartilhe:
“Mesa de Diálogo” da SRTE-MG debate recusa dos jovens ao mercado formal de trabalho

O avanço da digitalização e mudanças profundas no mercado de trabalho fez com que os jovens que viam nos supermercados uma opção de primeiro emprego prefiram trabalhar por conta própria e optem por trabalhos informais, que ofereçam mais autonomia, flexibilidade e maior potencial de renda. Em um cenário de transformações constantes, os trabalhadores mais jovens, que são dotados de habilidades tecnológicas, criatividade e acentuada capacidade de adaptação, têm demonstrado crescente distanciamento de ambientes rígidos, marcados por cargas horárias pesadas, obrigatoriedade de trabalhar aos domingos e remuneração pouco atrativa.

A nova realidade das relações trabalhistas motivou a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE-MG) a organizar uma Mesa de Diálogo Permanente, composta por lideranças dos segmentos empresarial e profissional, visando debater problemas e possibilidades de ação.

Responsável pela garantia do cumprimentos das leis trabalhistas e por ambientes de trabalho seguro e saudável, a Superintendência é coordenada por Carlos Calazans, um trabalhador com 50 anos de carteira assinada. Proponente do debate, ele convidou os presentes a apresentar suas impressões sobre a temática e indicar alternativas.

Primeira a manifestar-se, Katya Alves, Advogada do Sindsuper e da Associação Mineira de Supermercados (AMIS) alertou para a escassez de mão de obra qualificada no setor e a constatação ocorrência “do maior apagão de mão de obra já visto”. Ela citou posicionamento da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) que relaciona o impacto das políticas assistencialistas com a dificuldade de empregar a população economicamente ativa.

Sergio Aquino, do Supermercados BH, revelou a dificuldade em preencher a cota de Pessoas Com Deficiência (PCD), mostrando que 5% de 40 mil são aprendizes. “Não sabemos o que está acontecendo”, disse.

ENDIVIDAMENTO

Para Roberto Gosende, diretor do Grupo DMA, dono das bandeiras EPA Supermercados, Mineirão e Atacarejo, há uma vontade de praticar uma vida diferenciada, em que não há um regime de trabalho com oito horas diárias e inexistência de trabalho aos domingos e feriados, apesar da oferta de  1.400 vagas para qualquer setor e faixa etária.

Gosende alerta para o grave quadro de endividamento: cerca de 1.000 funcionários acumulam dívidas com empréstimos consignados, que se somam à pensão alimentícia e FGTS. O agravante é que as financeiras cobram 14% de juros/mês. Como a empresa antecipa 40% dos salários, há pouco para receber no começo do mês.

Citando a agressividade das instituições financeiras na captação de novos clientes, o Advogado Wagner Luz, do Sindicato dos Comerciários de Belo Horizonte (SECBHR), considera importante a pontuação do tema pela assessoria jurídica do patronal. A liberdade para contratar esses empréstimos é tal, que o trabalhador realiza a contratação pelo E-Social, um aplicativo.

AMBIENTES DE TRABALHO ATRATIVOS

João Periard, presidente do SECBHR assinalou que o noticiário tem focalizado a pouca funcionalidade do sistema de transporte e o consequente impacto na mobilidade urbana, fator preocupante para os setores empresarial e profissional, já que ambos dependem de uma circulação veicular fluída.

Periard ainda alerta para a chegada de de uma nova turma de PCDs, com idade mais avançada, para quem são vitais as questões médicas e alimentares. O sindicalista defende a melhoria na produção da alimentação, que seria feita no refeitório. A construção de ambientes de trabalho mais aconchegantes seria mais um atrativo, na visão do presidente do SECBHR.

Na mesma direção, Carlos Calazans fez defesa de locais de trabalho atrativos, diferentes dos existentes na maioria dos estabelecimentos comerciais. O titular da SRTE-MG acredita que melhorar os ambientes de trabalho é mais positivo do que multar as empresas, já que a autuação não resolve o problema.

SOLUÇÃO NA MESA DE NEGOCIAÇÃO

Dizendo que a defesa dos interesses do trabalhador é uma obrigação do sindicato de classe, Everton Ferreira, Secretário-Geral do SECBHR, afirmou que a solução para superar a dificuldade está permanentemente na mesa de negociação. Para Ferreira, inúmeras propostas de melhoria em termos salariais e nos ambientes de trabalho são negadas de forma categórica pelo patronato.

“A recusa da juventude em dedicar a maior parte da vida ao trabalho é compreensível na medida em que o excesso de carga horária reduz a qualidade de vida do ser humano”, disse o sindicalista, lembrando que quando era jovem trabalhava 12 horas por dia e reconhece que estava errado.

Um debate como a redução da jornada de trabalho, por exemplo, surge como oportuno uma alternativa real. Não dá para correr dessa realidade! Trazemos os fatos para a mesa de negociação, que são os acontecimentos do cotidiano.

José Alves Paixão, vice presidente do SECBHR e vice-presidente da União Geral dos Trabalhadores de Minas Gerais (UGT-MG) afirmou a importância do retorno das homologações de contrato para os sindicatos, fato que também poderia auxiliar na identificação de toda essa problemática. “Quando comecei a trabalhar, o comércio fechava ao meio dia. Os jovens não querem aceitar situações enfraquecidas pelo tempo.

VIVER PARA TRABALHAR

Organizador sindical do SECBHR, Felipe Santiago vê os jovens buscando alternativas ao trabalho formal, que não limitem o ser humano a viver somente para trabalhar. “Sem tempo para viver e estudar, a saúde mental chega ao limite”, afirmou.

Para Santiago, essa recusa não apareceu repentinamente, mas decorre de condições salariais e de trabalho rebaixadas, com cargas horárias pesadas e rendimentos econômicos decepcionantes, sem falar da relação com as chefias, via de regra desfavorável para o empregado.

Carlos Calazans relatou o progressos nas tratativas com empresas de aplicativos. “Propusemos regulamentar a atuação dessa empresas e fazê-las pagar impostos para a sociedade. Vamos apresentar propostas de regulamentação, visto que há 160 mil pessoas trabalhando para Uber, 99 e Ifood”, descreveu o titular da SRTE-MG.

Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Belo Horizonte, MG
22°
Parcialmente nublado

Mín. 12° Máx. 23°

22° Sensação
4.12km/h Vento
48% Umidade
0% (0mm) Chance de chuva
06h28 Nascer do sol
05h24 Pôr do sol
Qua 24° 13°
Qui 25° 13°
Sex 24° 13°
Sáb 26° 13°
Dom 28° 15°
Atualizado às 16h01
Publicidade
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,50 +0,09%
Euro
R$ 6,31 -0,62%
Peso Argentino
R$ 0,00 +2,27%
Bitcoin
R$ 609,071,35 -3,78%
Ibovespa
138,840,02 pts -0.3%
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Lenium - Criar site de notícias