A Jornada Nacional de Debates do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), realizado em 24 de abril, no auditório da Federação dos Metalúrgicos de Minas, em Belo Horizonte, reuniu representantes das centrais sindicais e de entidades do movimento social. O tema “Trabalho, Meio Ambiente e Transição Justa – Rumo à COP 30” foi amplamente abordado pelos participantes, que levantaram questões relativas à preservação ambiental e à pauta trabalhista. Os trabalhos foram conduzidos pelo economista Fernando Duarte, Supervisor Técnico do Departamento, e o economista Leonardo Luiz, Coordenador Regional do DIEESE.
Após a saudação feita pelos sindicalistas, Carlos Machado, economista e técnico do DIEESE, foi o principal palestrante e expôs análise da questão ambiental do ponto da história. Um tema que chamou a atenção dos presentes veio à tona com a possibilidade da existência de “refugiados ambientais”, um movimento classificado por ele como gigantesco, observado pela população asiática, atingida pelo fenômeno do derretimento do gelo e ainda o impacto provocado pela elevação do nível do mar, que pode expulsar um contingente enorme de pessoas que habitam nas regiões costeiras do planeta.
Machado também considerou o limite das ações individuais, que, mesmo sendo relevantes, pouco contribuem para a solução de problemas dessa natureza, por tratarem-se de ações que demandam coordenação e política de Estado, com a participação social. A exploração do petróleo na margem equatorial mereceu atenção das lideranças, que deve ser tratado de forma soberana, por ser um tema delicado, mas a partir de uma coordenação global, que permita o enfrentamento adequado à amplitude da questão.
Lídio Costa, dirigente da Nova Central, levantou a expôs os reflexos do desequilíbrio ambiental no Cerrado brasileiro, em que há um sistema de raízes por baixo da terra que funciona como uma esponja e absorve a água, sendo fundamental para a manutenção dos aquíferos. A atividade pecuária e o plantio de eucalipto são ameaças permanentes para a absorção e retenção de água naquele bioma, que está localizado no nordeste do Paraguai, no leste da Bolívia e em grande parte do Brasil Central, constituindo cerca de 22% do território brasileiro.
A disputa travada entre o capital e o trabalho foi exposta a partir da importância das empresas estatais. Para Carlos Machado, o Brasil perdeu muita capacidade para promover uma política de transição energética justa com a privatização da Eletrobrás, uma questão sentida pelos mineiros a partir da Cemig, uma empresa pública, mas capturada pelos interesses privados e voltada para a obtenção do lucro e da distribuição de dividendos.
JORNADA 4X3
Jairo Nogueira Filho, do Sindieletro-MG e presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerias (CUT-MG), apresentou um modelo de conduta para o sindicalismo, através da assinatura de um acordo de redução de jornada para 32 horas semanais (4X3), válido paras entidades sindicais filiadas à Central. Segundo disse, “essa é uma realidade possível e aponta para a adoção de uma vida melhor para trabalhadores e trabalhadoras”, que servirá de exemplo e fará a provocação pertinente para o momento.
Falando em nome da União Geral dos Trabalhadores de Minas Gerais (UGT-Minas) José Alves Paixão resgatou a ocasião expressiva em que a COP 30 vai ser realizada e que reunirá mais de 200 países, tendo como palco a Amazônia, um conjunto de ecossistemas que envolve a bacia hidrográfica do Rio Amazonas, bem como a Floresta Amazônica, e que é considerada a região de maior biodiversidade do planeta e o maior bioma do Brasil.
Alves, que também é vice-presidente do Sindicato dos Comerciários de Belo Horizonte e Região (SECBHR), citou a atitude dos indígenas, que passaram a construir ocas para abrigar o grande contingente de participantes, visto o esgotamento da capacidade hoteleira de Belém, capital do Pará, de alojar tanta gente. A oca consiste em uma grande cabana, feita com troncos de árvores e cobertas com palha ou tranco de palmeira.
Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)
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