A importância da luta contra o racismo e o machismo enfrentados pelas mulheres negras foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), a partir da criação da Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho. A data foi instituída durante o primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana, em 1992, evento que reuniu representantes de 32 países para compartilhar vivências, denunciar opressões e debater soluções para a luta contra o racismo e o machismo. A data relembra o marco internacional de luta e resistência da mulher negra para reafirmar a necessidade de enfrentar o racismo e o sexismo vivido até hoje por mulheres que sofrem com a discriminação racial, social e de gênero.
Ainda hoje a mulher negra é a principal vítima de feminicídio, das violências doméstica e obstétrica e da mortalidade materna, além de estar na base da pirâmide socioeconômica do país. Essa triste realidade é confirmada por dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que produz o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Das 1.341 mulheres vítimas de feminicídio em 2021, 62% são negras. Já nas demais mortes violentas intencionais, 70,7% são negras e apenas 28,6% são brancas.
Um dia antes (24/7), o Ministério da Cultura (MinC) organizou o encontro "Mulheres Negras nos Espaços de Poder" para celebrar o dia. "Quero homenagear a honradez, a abnegação e a força dos milhões e milhares de mulheres que foram aviltadas e hostilizadas na sua condição e sofreram os piores massacres da história da humanidade. Apesar de tanto não, de tanta dor que nos invade, somos nós a alegria da cidade", afirmou a ministra Margareth Menezes.
TEREZA DE BENGUELA
No Brasil, a data também é uma homenagem à Tereza de Benguela, conhecida como “Rainha Tereza”, que viveu no século XVIII, no Vale do Guaporé (MT), e liderou o Quilombo de Quariterê. Segundo documentos da época, o lugar abrigava mais de 100 pessoas, incluindo indígenas. Sua liderança destacou- se com a criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa.
Tereza foi morta após ser capturada por soldados. Ainda segundo o MinC, em 2014 foi instituída a Lei 12.987, que definiu na mesma data o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, uma data em homenagem à memória da Rainha Tereza.
Líder quilombola de destaque que resistiu à escravidão durante duas décadas no século XVIII, Tereza de Benguela lutou pela comunidade negra e indígena que vivia sob sua liderança naquela época. Ela liderou a resistência da população negra à frente do Quilombo de Quariterê, no Mato Grosso.
Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)
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