Após 44 horas sem declarar-se sobre o pleito, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um breve pronunciamento, no primeiro dia de novembro, sobre o resultado do segundo turno das eleições 2022. O mandatário foi derrotado pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 30 de outubro, no segundo turno da eleição presidencial. Dizendo que "a direita surgiu de verdade em nosso país", o chefe do Executivo citou a robustez da bancada eleita e alinhada aos valores do segmento que representa (Deus, pátria, família e liberdade).
Desde a segunda-feira (30/10), era grande a expectativa de um pronunciamento, edição de nota, ou manifestação nas redes sociais sobre o resultado do pleito.
Em um breve discurso (2 minutos), pronunciado no Palácio da Alvorada, em Brasília, Bolsonaro agradeceu os mais de 58 milhões de votos obtidos no segundo turno. Em seguida, o chefe do Executivo comentou sobre as manifestações que bloqueiam as estradas em vários estados do país.
"Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir".
"CUMPRIR OS MANDAMENTOS DA CONSTITUIÇÃO"
"Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição", afirmou o chefe do Executivo.
Em continuidade à coletiva, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira afirmou que dará início ao processo de transição entre os governos, seguindo orientação do presidente da República.
"O presidente Jair Messias Bolsonaro me autorizou, quando for provocado, com base na lei, nós iniciaremos o processo de transição. A presidente do PT, segundo ela em nome do presidente Lula, disse que, na quinta-feira, será formalizado o nome do vice-presidente, Geraldo Alckmin. Aguardaremos que isso seja formalizado para cumprir a lei no nosso país", disse o ministro.
PRESENÇA DE QUADROS DO GOVERNO
A declaração mobilizou os principais quadros do governo. Presentes o ministro da Justiça, Anderson Torres; o ministro da Ciência e Tecnologia, Paulo Alvim; o ministro da Educação, Victor Godoy; o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite; o ministro do Desenvolvimento Regional, Daniel Ferreira; o ministro da Cidadania, Ronaldo Bento; a ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Brito; o ministro do Trabalho, José Carlos Oliveira; o ministro das Relações Exteriores, Carlos França; o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira; o ministro da Agricultura, Marcos Montes; o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio; o ministro da Economia, Paulo Guedes e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.
Além dos ministros, os filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-SP), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) também acompanharam o pai durante o discurso.
INCONFORMISMO POLÍTICO
Inconformados com a derrota, apoiadores do presidente bloquearam vias em vários estados do Brasil. Eles alegam a ocorrência de fraude nas urnas, fato descartado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As manifestações causaram congestionamentos em diversos pontos do país, inclusive na entrada do aeroporto de Guarulhos, que teve voos cancelados.
No rápida declaração, o atual presidente da República disse que os métodos de manifestação da Direita não podem ser os mesmos da Esquerda, que foi acusada por ele de promover invasão de propriedades privadas, destruir patrimônio e cercear o direito de ir e vir.
Por meio de notas emitidas em 1º/11, a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF) e os Sindicatos dos Policiais Rodoviários Federais atribuiram, que o “silêncio” do presidente Jair Bolsonaro sobre a derrota nas eleições repercutiu na “pacificação do país”.
Na noite de 31/10, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou o uso a PM nos Estados para conter as manifestações, diante da "omissão e inércia" da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O magistrado autorizou os policiais a prenderem em flagrante motoristas que estejam usando caminhões para bloquear as estradas e aplicação de multa diária de R$ 100 mil.
VOTAÇÃO EXPRESSIVA
No pleito de 2022, Bolsonaro obteve mais votos computados do que no segundo turno do ano de 2018, quando ele venceu Fernando Haddad (PT) para assumir o Palácio do Planalto.
O candidato do PL recebeu 58.206.354 votos em 2022 (49,10%), mais do que os 57.797.487 brasileiros (53,13%) de quatro anos atrás. Lula venceu com 60.345.999 de votos (50,9%), na primeira derrota política de um chefe do Executivo, interrompendo uma trajetória de 33 anos de carreira na política.
Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)
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